segunda-feira, 24 de outubro de 2011

“Todo jardim começa com uma história de amor, antes que qualquer árvore seja plantada ou um lago construído é preciso que eles tenham nascido dentro da alma.
Quem não planta jardim por dentro, não planta jardins por fora e nem passeia por eles.”


Rubem Alves

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Perséfone, Papisa e o signo de Virgem

Titi Vidal


Era uma vez uma menina chamada Core. Vivia perto de sua mãe Deméter, conhecida pelos romanos como Ceres, uma deusa responsável pelas colheitas e pela natureza abundante. Um dia o deus do mundo dos mortos, Hades, se encantou por esta jovem garota e decidiu raptá-la. Levou-a com ele para seu reino, que tinha seu próprio nome: Hades. Fez dela mais do que uma mulher: Coré, que então passou a se chamar Perséfone, tornou-se a rainha do Hades, um mundo cheio de mistérios e conhecimentos ocultos.
Imediatamente ela aprendeu tudo sobre o mundo oculto e tornou-se uma grande sábia e iniciada nesses mistérios. Ganhou poder através deste conhecimento e passou a governar o mundo dos mortos com seu marido. Porém sua mãe sentiu muito sua falta e parou de cuidar de suas atividades ligadas a natureza. Com isso o tempo secou e as colheitas foram prejudicadas. Preocupados com isso, alguns deuses conseguiram um acordo com sua filha, que aceitou dividir sua atenção entre seu marido e sua mãe. E assim surgiram as estações do ano, já que quando Perséfone vinha para a superfície, Deméter se enchia de alegria e acontecia a primavera e depois o verão, pois a companhia de sua filha querida enchia a deusa de alegria e ela cuidava bem da natureza. Quando a filha ia embora, para o Hades, Deméter sofria novamente, trazendo o outono e o inverno.
Perséfone tem essa habilidade de viver em dois mundos com tranquilidade e por isso personifica bem o signo de Virgem, regido pelo planeta Mercúrio, que tem essa flexibilidade e capacidade de se movimentar com leveza. Ela é sábia e intuitiva, sempre sabendo a hora certa de agir ou se recolher, de subir à superfície ou se manter nas profundezas do Hades, o que também personifica muito bem o signo de Virgem, que é muito inteligente e conhece os segredos práticos do mundo.

Perséfone é uma verdadeira guardiã de todo seu conhecimento e de todos os mistérios mais profundos. Sabe, mas é humilde, não revela seus segredos. Pelo menos não para qualquer pessoa e não tudo que sabe. Isso mostra muito também da discrição dos virginianos, que demonstram sua sabedoria na prática do dia a dia, sem precisar ficar falando sobre o que sabem ou como algo deve ser feito. Simplesmente fazem, agem, às vezes sem nem serem notados. Seus feitos podem se tornar públicos, reconhecidos. Mas a própria pessoa tende a discrição, não faz questão de aparecer pelo que faz, mesmo que faça algo extremamente importante.

Perséfone tornou-se a grande anfitriã do Hades, recebia as almas e as acolhia.
Foi a grande rainha do mundo dos mortos, exercendo um papel importante. Foi uma cuidadora, alguém sempre pronta a ajudar todos que por ali chegavam ou que precisavam de alguma coisa daquele mundo. E essa é outra característica totalmente virginiana, que é cuidar das pessoas, ser prestativa, sempre pronta para ajudar. O signo de Virgem também representa o lado puro, virginial, característica que Perséfone sempre teve, primeiro como a virgem Coré e mesmo como Perséfone, que apesar de mulher sempre manteve seu lado infantil, como a filha de sua mãe.

O signo de Virgem representa bem essa dualidade, entre a pureza, que antecede as escolhas e a decisão de se entregar para o outro (vem logo antes de libra no zodíaco, signo que rege os relacionamentos e as trocas) ou para qualquer situação na vida. Por isso é um signo prático, que fala também da construção de tudo passo a passo, no dia a dia, momento a momento, com esforço e dedicação. Por Virgem vai experimentando, sempre com atenção aos detalhes, até que possa escolher definitivamente alguma coisa ou simplesmente perceba que aquilo já faz parte de sua rotina e, portanto, de sua vida.
No tarô mitológico Perséfone representa a Papisa, arcano II. É uma carta que fala sobre uma grande sabedoria guardada por uma figura feminina. Trata-se de alguém que sabe muito, que conhece os mistérios da vida, mas que guarda todos eles para si mesma, pois sabe que é algo importante demais para ser compartilhado à toa. Ela mostra o que sabe por atitudes, muito bem pensadas e sutilmente realizadas.

A Papisa, assim como Perséfone e os virginianos, sabe muito bem quando falar e quando calar. Quando agir ou quando esperar. É isso que nos ensina. Observar a vida, sentindo na pele e em seu coração o momento certo de cada coisa. Saber quando se recolher no Hades, mantendo-se sempre reflexiva e introspectiva, mas sempre alerta, ou quando subir à superfície, mostrando-se ao mundo.

É um arcano que nos ensina a ter paciência e seguir mais a intuição, sabendo que nem tudo se compartilha e que vale mais aquilo que se sabe instintivamente. Perséfone e a Papisa nos ensinam a olhar para dentro, a não ter medo de descer até o nosso lado mais interior e profundo, em busca de respostas sinceras e verdadeiras. É por esse motivos que Virgem, aparentemente um signo mais frágil é também forte, profundo, intenso, capaz de transformações profundas ao longo da vida.
Mas faz tudo isso de forma discreta, tranquila, sempre em busca de paz. E assim Perséfone nos ensina a manter a calma, a olhar para dentro, saber refletir e mergulhar dentro de si sem medo do que vamos encontrar. Saber que tudo tem seu tempo certo e que há muito mais sabedoria dentro de nós do que podemos imaginar.

Temos que olhar para dentro em busca dessas respostas e perceber que podemos manter a tranquilidade e a paz, dentro e fora de nós, mesmo nos momentos mais difíceis, porque, no fundo, quando estamos serenos, sempre podemos agir com mais sabedoria e firmeza. Por sinal, Perséfone nos ensina que é possível governar a própria vida com determinação e certeza, sem perder a pureza, a beleza e a tranquilidade. Basta estarmos em contato constante com nossa essência e saber ouvir mais a voz que vem de dentro. Seguir a intuição e querer conhecer cada vez mais os mistérios da vida, que vão sendo revelados no dia a dia, conforme vamos seguindo o nosso caminho.