quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Lugares e Estados de Alma

Honoré de Balzac

A influência exercida sobre a nossa alma, pelos diferentes lugares, é uma coisa digna de observação. Se a melancolia nos conquista infalivelmente quando estamos à beira das águas, uma outra lei da nossa natureza impressionante faz com que, nas montanhas, os nossos sentimentos se purifiquem: ali a paixão ganha em profundidade o que parece perder em vivacidade.

Aceita o Universo

Alberto Caeiro

Aceita o universo
Como te deram os deuses.
Se os deuses te quisessem dar outro
Ter-te-iam dado.

Se há outras matérias e outros mundos
Haja.


quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A PEDRA DO TOQUE

OSHO



Existe uma lenda que conta que, quando a grande biblioteca de Alexandria foi queimada, um livro foi salvo. Mas não era um livro de muito valor, por isso um homem pobre, que pouco sabia ler, comprou-o por uns tostões. O livro não era realmente muito bom, mas nele havia algo interessantíssimo. Era um tipo de pergaminho, no qual estava escrito o segredo da "pedra de toque".

A pedra de toque era uma pedrinha comum, que podia transformar qualquer metal em ouro puro. No pergaminho estava escrito que era encontrada nas praias do Mar Negro, misturada a outras milhares e milhares de pedras exatamente iguais a ela. Mas o segredo era este: a pedra real era quente, enquanto as outras eram frias. Então, o homem vendeu os seus poucos pertences, comprou alguns mantimentos e foi acampar na praia, onde começou a testar as pedras.

Esse era seu plano: ele sabia que se pegasse as pedras comuns e as jogasse de volta ao chão, poderia pegar a mesma pedra centenas de vezes. Então, quando pegava uma fria, ele a jogava ao mar. Assim, passou uma semana, um mês, um ano, três anos... e o homem não encontrava a pedra de toque. Mas, mesmo assim, ele continuava: pegava uma pedra, era fria, jogava-a no mar... e assim por diante. Imagine o homem fazendo isso por anos e anos: pegar uma pedra, senti-la fria, jogá-la no mar... de manhã até a noite, por anos e anos.

Mas, uma manhã, ele pegou uma pedra que estava quente, e jogou-a no mar. Ele criara o hábito de jogar as pedras no mar, vocês compreendem, e o hábito fez com que ele jogasse a pedra quente também, quando finalmente a encontrara. Pobre homem!

É assim que a mente funciona.
A confiança é uma pedra de toque. Muito raramente você encontra alguém em quem você pode confiar. Muito raramente você encontra um coração quente, amoroso, no qual pode confiar. Normalmente, você encontra pedras que parecem a pedra de toque, quase iguais, mas São frias. Por anos, desde a infância, você pega uma pedra, sente-a fria, e a joga no mar.

Um dia é um fenômeno muito raro - você encontra a verdadeira pedra de toque. Você a pega, sente que é quente, mas, mesmo assim, você a joga. Então, você irá chorar, sem saber como isso pôde acontecer. É um simples mecanismo. Desde a infância, você aprende a desconfiar. Você é educado de tal maneira que não pode confiar. A dúvida foi colocada bem fundo no seu ser. Na verdade, é uma medida de segurança: se não duvidar, não sobreviverá. Você tem que olhar o mundo com olhos hostis,
como se todos fossem seus inimigos. Ninguém é quente, ninguém é uma pedra de toque. Você não pode confiar nem em seus pais. Aos poucos, a criança percebe que não existe ninguém em quem pode confiar. Os pais são muito contraditórios: dizem uma coisa e fazem outra. A criança sente-se confusa; é difícil para ela entender o que realmente a mãe quer. Na verdade, nem a própria mãe sabe. E, cada vez mais, a criança sente que é impossível confiar em alguém.

A Mulher Sábia

A Pedra da Luz
Christian Jacq


A mulher sábia e Clara subiram até o cume da montanha enquanto a noite morria e as serpentes voltavam às suas covas. A mulher centenária deixara a bengala de lado no começo da subida e continuava a andar num passo regular.

O nascimento da aurora era acompanhado por um vento suave e, pouco a pouco,os templos de milhões de anos saiam das trevas.Logo, o azul do Nilo e o verde das terras cultivadas cintilariam sob os raios do sol ressuscitado. .Quando o pico se iluminou, a mulher sábia elevou as mãos na direção dele,num gesto de oração.

- Deusa do Silencio, você que me guiou ao longo de toda a vida, guie minha discípula que sobe na sua direção. Que ela repouse na Sua mão de noite e de dia; atenda-a quando ela chamar por você, seja generosa e mostre-lhe a extensão de Seu poder.

No pico escavado na pirâmide, havia um pequeno santuário.

- Faça uma oferenda.- ordenou a mulher sábia.

Clara pôs no chão a flor de lótus do cabelo,seu colar e as pulseiras.

- Prepare-se para o combate supremo. A Deusa que conhece os segredos, concede a vida e a morte.

De repente surgiu da gruta uma naja real de olhos de fogo,deixando a jovem assustada com o seu tamanho. A raiva inchava-lhe o pescoço e ela estava pronta para atacar.

- Dance Clara, dance como a Deusa.

Morta de medo, a esposa de Nefer, o silencioso, conseguiu acompanhar os movimentos do réptil assustador. Inclinava-se da esquerda para a direita, depois da direita para esquerda, de frente para trás,no mesmo ritmo que a naja,que parecia desapontada.

- Quando ela atacar, curve-se bem na minha direção, sem deixar de olha-la.

Clara venceu o medo.Fascinada pela beleza da Deusa, começava a perceber Suas intenções.Quando a naja se lançou bruscamente na direção de sua garganta , a sacerdotisa de Hathor seguiu as instruções da mulher sábia.
Clara evitara a mordida, mas sua túnica estava maculada com o veneno cuspido pela naja, ainda mais furiosa por causa do fracasso.

- Dois ataques ainda. – preveniu a iniciadora.

O réptil não parava de ondear e Clara imitava-o. Por duas vezes a cobra tentou, em vão, fincar as presas na moça.

- Agora domine-a! Beije- a na cabeça.

Como se estivesse esgotada a naja mexia-se com menos vigor.E quase imperceptivelmente, recuou quando Clara avançou em sua direção.

Embora invadida por grande ansiedade, Clara ficou o olhar nos olhos do réptil e pôs os lábios no alto da cabeça do animal.

Surpresa a serpente ficou quieta.

-Tememos a Sua severidade- disse-lhe a mulher sábia- mas esperamos a Sua docilidade. Esta que a venera é digna da Sua confiança. Abra-lhe a mente e permita-lhe curar os seres em Seu nome.

A serpente ondeava devagar.

-Recolha o poder da Deusa, Clara. Que Ela penetre o seu coração.

Pela segunda vez a esposa de Nefer beijou o monstro, que parecia dócil.

- Que a comunhão de vocês seja selada por um terceiro e ultimo beijo.

Pela ultima vez, a mulher e a naja tiveram um contato intimo.

- Saia rápido! Ordenou a mulher sábia.

Se não estivesse atenta , Clara tria sido surpreendida pelo brusco ataque do réptil. Mas soube esquivar-se e só recebeu um ultimo jato de veneno.

- O fogo secreto foi-lhe transmitido- sentenciou a mulher sábia.

Lentamente a naja voltou ao santuário.

- Tire a túnica e purifique- se com o orvalho das pedras do cimo.

A mulher sabia deu a Clara uma túnica branca que lhe teria servido de mortalha se não saísse vitoriosa da prova.

-Vou-me embora e você será minha sucessora. Não, não proteste! Meu tempo de vida foi longo, muito longo, e é bom que ele termine. Lembre-se que as plantas nasceram das lagrimas e do sangue dos deuses e, por isso, elas têm o poder de curar.Você está viva mas existem almas errantes e demônios destruidores que jamais deixarão a paz se instalar nessa terra. Graças à sua ciência , você sempre lutará contra eles. Deus criou tudo o que está em cima e o que está embaixo e ele vira até você como um sopro de luz. Não tem de acreditar nele e sim conhecê-lo e testá-lo.

- Por que se recusa a viver por mais tempo?

- Meu centésimo décimo ano está terminado. Mesmo que minha mente esteja intacta , o corpo está gasto. Os canais estão endurecidos , a energia já não circula mais e nem a melhor medicina poderá devolver-me a juventude.(...)

- Tenho tantas perguntas a fazer!

- Chegou a hora de dar as respostas.Todos os dias será interrogada e exigirão que alivie os sofrimentos. Agora você é a mãe da confraria e todos os moradores do povoado são seus filhos.

A jovem teve vontade de protestar e de recusar a enorme carga que recaia sobre seus ombros, mas a forte claridade da manhã a deixou muda.

- Desçamos- ela exigiu. – Vá na frente.

Clara pegou a estreita trilha, sem saber que passo tomaria.Deveria andar no seu ritmo, ou caminhar lentamente para não obrigar a mulher centenária a se apressar?

Indecisa ela se virou depois da primeira passagem sinuosa. A mulher sábia desaparecera.
Clara voltou ao cume, procurou por aquela que lhe dera tudo, mas não a achou.A mulher sábia evaporara, com certeza ocultando-se em alguma caverna onde daria o ultimo suspiro, no silencio da montanha.
Clara ficou em silêncio pensando nas horas maravilhosas que passara ao lado do ser que lhe abrira tantos caminhos , que agora continuaria a percorrer sozinha. Ela desceu lentamente na direção do povoado, saboreando seus últimos momentos de calma antes de se tornar a mulher sabia do Lugar da Verdade.

Oráculo das Deusas

Amy Sophia Marashinsky




A palavra “oráculo” significa uma resposta divina à pergunta de um consulente. Os oráculos da Antiguidade eram proferidos por sacerdotisas escolhidas e treinadas. Antes de falar, elas se preparavam com banhos purificadores e adornos rituais, entrando em transe para captar a mensagem divina.
O Oráculo da Deusa - Um novo Método de Adivinhação
Editora Pensamento

O Oráculo da Deusa celebra as muitas faces com que a Deusa foi adorada em culturas de todo o mundo desde o início dos tempos. Por meio de uma combinação dinâmica de poesia, mitologia e ritual, o oráculo oferece conhecimentos intuitivos e orientação para lidar com os desafios da vida, além de técnicas para atingir a plenitude em todos os aspectos do dia-a-dia. Além de ajudá-lo a entender e transformar o presente, este livro permite ao leitor criar seu futuro, trazendo instruções claras para invocar o oráculo; um baralho para consultas original e absolutamente inédito, e rituais que podem ser realizados individualmente ou em grupo, contando com a energia da Deusa visando o crescimento pessoal e a resolução de problemas. Cada uma das 52 cartas das Deusas, que acompanham o livro, representa um aspecto particular de energia. Quando você escolhe uma determinada carta, ela o faz se concentrar naquilo que precisa ser analisado para redirecionar a sua vida. Ao imprimir isso na consciência, você passa a entender melhor o seu presente e a planejar com segurança o seu futuro.

Amy Sophia Marashinsky promove cursos e reuniões que tecem uma rede de energia transformadora. Ela também é responsável pela formação de sacerdotisas xamânicas que optaram por trilhar o caminho da totalidade. Hrana Janto é autora das pinturas criadas especialmente para este livro. Seu trabalho artístico já foi usado em muitas capas de livros, revistas e pôsteres cinematográficos, bem como nos calendários Goddess and Myth.

domingo, 1 de agosto de 2010

Meditar...

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.



A meditação encontra-se no meio de dois pólos; a concentração e a contemplação. É comumente associada a religiões orientais. Há dados históricos comprovando que ela é tão antiga quanto a humanidade. Não sendo exatamente originária de um povo ou região, desenvolveu-se em várias culturas diferentes e recebeu vários nomes, floresceu no Egito (o mais antigo relato), Índia, entre o povo Maia, etc. Apesar da associação entre as questões tradicionalmente relacionadas à espiritualidade e essa prática, a meditação pode também ser praticada como um instrumento para o desenvolvimento pessoal em um contexto não religioso.

Meditação de Atenção Plena

Por Sakyong Mipham Rinpoche

A atenção plena é essencial para a prática espiritual porque, não importa qual tradição espiritual sigamos, nossa mente deve ser capaz de permanecer no momento presente, se pretendemos aprofundar nossa compreensão e experiência.

Na meditação de atenção plena, ou shamatha, tentamos alcançar a estabilidade e a calma de nossa mente.

O que começamos a descobrir é que essa calma, ou harmonia, é um aspecto natural da mente. Através da prática da atenção plena simplesmente a desenvolvemos e fortalecemos, e, como decorrência, somos capazes de permanecer em nossa mente, com tranqüilidade, sem luta. Nossa mente sente-se contente, naturalmente.

Um ponto importante é que, quando estamos no estado de atenção plena, há uma inteligência sossegada. Não é como se tivéssemos "apagado". Às vezes, as pessoas pensam que alguém que está em meditação profunda não sabe o que está se passando, que isso seria como estar adormecido. De fato, há estados meditativos em que negamos as percepções sensoriais, mas isso não é o que se pretende realizar com a prática de shamatha.

Criar um ambiente favorável




Algumas condições são úteis para a prática da atenção plena. Quando criamos um ambiente apropriado, é mais fácil praticar.

Por pequeno que seja o espaço de que alguém disponha para meditar, em sua casa, é bom que ele tenha um sentido de elevação e sacralidade. Também se deveria meditar em um local que não fosse muito ruidoso ou perturbador, e a pessoa não deveria se encontrar em uma situação tal que sua mente possa ser facilmente incitada à raiva, ao ciúme ou a outras emoções. Se ela estiver perturbada ou irritada, a prática será afetada.



Iniciando a prática

Encorajo as pessoas a meditarem freqüentemente, mas por curtos períodos de tempo — 10, 15 ou 20 minutos. Quando se força muito, a prática pode adquirir muita "personalidade", e o treinamento da mente deveria ser muito, muito simples. Assim, pode-se meditar 10 minutos pela manhã e 10 minutos à tarde, e durante esses períodos realmente trabalhar com a mente. Depois, simplesmente pare, levante-se e vá embora.

Muitas vezes nos deixamos cair sobre a almofada para meditar e permitimos que a mente nos leve para qualquer lugar. Devemos criar um senso de disciplina. Quando sentamos para meditar, podemos recordar-nos: "Estou aqui para trabalhar com minha mente. Estou aqui para treinar minha mente". É correto dizer isso a si próprio, literalmente, quando se senta para meditar. Precisamos desse tipo de inspiração quando começamos a praticar.


Postura



A abordagem budista é que a mente e o corpo estão ligados. A energia flui melhor quando o corpo está ereto, pois, quando ele está curvado, o fluxo é modificado e isso afeta diretamente nosso processo de pensar. Assim, há uma yoga que lida com isso. Não estamos sentados eretos porque estamos tentando ser bons alunos na escola; nossa postura realmente afeta nossa mente.

Pessoas que necessitam de uma cadeira para meditar devem sentar-se eretas, com os pés tocando o chão. As que usam uma almofada de meditação, como um zafu ou um gomden, devem encontrar uma posição confortável, com as pernas cruzadas e as mãos pousadas sobre as coxas, com as palmas para baixo. Os quadris não estão nem muito inclinados para a frente, o que cria tensão, nem inclinados para trás, de forma que a pessoa comece a se encurvar. Deve-se ter uma sensação de estabilidade e força.

Quando nos sentamos, a primeira coisa que precisamos fazer é verdadeiramente ocupar nosso corpo — verdadeiramente, ter um senso de nosso corpo. É freqüente que nos estaquemos, imóveis, e façamos de conta que estamos praticando. Mas não podemos nem sentir nosso corpo, não podemos nem sentir onde ele se encontra. Em vez disso, é necessário que estejamos bem aqui. Assim, quando se inicia uma sessão de meditação, pode-se dedicar algum tempo no começo da prática a arrumar a postura. Pode-se imaginar que a espinha está sendo puxada para cima, do topo da cabeça, de forma que a postura seja alongada para, então, se acomodar.

O princípio básico é manter uma postura elevada, ereta. A pessoa está numa situação sólida: os ombros estão nivelados, os quadris estão nivelados, a espinha está bem empilhada. Ela pode ver-se a empilhar os ossos na ordem certa e a deixar que os músculos pendam dessa estrutura. Usamos essa postura para permanecer relaxados e despertos. A prática que estamos fazendo é muito precisa: deve-se estar muito desperto, embora calmo. Quando notamos que estamos ficando entorpecidos, ou caindo no sono, devemos verificar a postura.


O olhar





Para uma prática de atenção plena estrita, o olhar deve estar voltado ligeiramente para baixo, enfocando algo a uma pequena distância à frente do nariz. Os olhos estão abertos mas não arregalados; o olhar deve ser suave. Estamos tentando reduzir o estímulo sensorial tanto quanto possível. Pergunta-se: "Não deveríamos ter uma sensação do ambiente?". Mas, nesta prática, esta não é uma preocupação nossa. Estamos apenas tentando trabalhar com a mente e, quanto mais elevarmos o olhar, mais distraídos ficaremos. É como se tivéssemos uma lâmpada acima da cabeça a iluminar o ambiente e, subitamente, nós a enfocássemos diretamente à nossa frente. Estamos intencionalmente ignorando o que se passa ao nosso redor. Estamos confinando o cavalo da mente em um curral menor.


A respiração

Quando praticamos shamatha, familiarizamo-nos cada vez mais com nossa mente e, em particular, aprendemos a reconhecer os seus movimentos, que experimentamos como pensamentos. Fazemos isso utilizando-nos de um objeto de meditação que nos fornece um contraste ou contraponto ao que se está passando na mente. Logo que nos distraímos e começamos a pensar em algo, o objeto da meditação nos traz de volta. Poderíamos colocar uma pedra à nossa frente e usá-la para enfocar a mente, mas usar a respiração como o objeto da meditação é particularmente útil porque isso nos relaxa.



Quando começamos a prática, tomamos conhecimento de nosso corpo, temos um sentido de onde ele está e, então, começamos a notar nossa respiração. A sensação completa de respirar é muito importante. A respiração não deve ser forçada, obviamente; respira-se naturalmente. A respiração entra e sai, entra e sai. Relaxamos a cada respiração.


Os pensamentos

Não importa que tipo de pensamento venha a surgir, a pessoa deve dizer a si mesma: "Este pode ser um assunto verdadeiramente importante em minha vida, mas agora não é o momento de pensar nisso. Agora, estou praticando meditação". Nisso se resume quão honestos somos, quão verdadeiros podemos ser com nós mesmos, durante cada sessão.

Todos se perdem em pensamentos, algumas vezes. Poderíamos pensar: "Não acredito que tenha ficado tão absorto em algo assim", mas devemos tentar não fazer disso um assunto demasiadamente pessoal. Apenas tentemos ser tão imparciais quanto possível. A mente, às vezes, ficará turbulenta e teremos de aceitar isso. Não podemos nos pressionar. Se estivermos tentando nos ver completamente livres de conceitos, sem nenhum discurso, é melhor desistirmos, isso simplesmente não vai acontecer.

Assim, simplesmente utilizando o processo de etiquetar, percebemos nosso discurso. Notamos que nos perdemos em pensamentos, etiquetamos isso como “pensando” — delicadamente e sem julgamentos — e retornamos à respiração. Quando temos um pensamento — não importa quão selvagem ou bizarro ele possa ser —, simplesmente deixamos que ele passe e voltamos à respiração, voltamos à situação do aqui, agora.


Cada sessão de meditação é uma viagem de descoberta para compreender a verdade básica de quem somos nós. No começo, a lição mais importante da meditação é perceber a velocidade da mente. No entanto, a tradição de meditação diz que a mente não precisa ser desse jeito: ela apenas não foi trabalhada.

Estamos falando de um assunto muito prático. A prática da atenção plena é simples e completamente factível. E, por estarmos trabalhando com a mente que experimenta a vida diretamente, ao sentarmo-nos, simplesmente, sem nada fazer, já estaremos dando um passo enorme.