quarta-feira, 14 de julho de 2010

O SOL DE AKHETATON

Dr. Geraldo Rosa Lopes




Olhamos extasiados para um passado remoto, nas sendas gloriosas de uma época de esplendores e de mistérios.
Na fímbria do horizonte brilham os pórticos e os palácios da mítica Akhetaton, onde, sob um céu de diáfana luminosidade, resplandeciam os raios dourados de uma nova divindade, o Aton das novas crenças religiosas de Akhenaton.
Místico e filósofo, o grande Faraó lançava as bases de sua convicção em um Deus – Único, nos dogmas de uma religião de pureza, amor e de paz.
Soberba concepção, Consciência divina, novos tempos, aquele Aton magnífico, doador de vida, flor sagrada nos mistérios de Akhenaton e Nefertiti.
E a cidade-santuário exibia, orgulhosa, seus templos e seus palácios, suas capelas e seus rituais, nas manhãs douradas, nas tardes estuantes de galas e de poesia, e nos crepúsculos nostálgicos de pontes deslumbrantes, diluindo-se, lentamente, na transição para as primeiras sombras da noite.
E, em dias ensolarados, o divino Aton resplandecia naqueles céus de aquarelas, nos longes do firmamento e, carinhosamente, enviava sua mensagem de paz e de ternura, de espiritualidade e de vida, à sensibilidade humana.

Nas alturas em louvor ao deus, Akhenaton e Nefertiti consagravam seus rituais e suas oferendas ao Grande Sol. As estrofes do “Hino a Aton”, ecoavam em suaves acordes ao longo das colunas e das salas hipóstilas, misturadas às volutas do incenso propiciatório, que se elevavam aos céus, quais orações e preces para uma vida de esperanças e de renascimento.
Akhenaton e Nefertiti oravam ao grande deus. Akhenaton brilhava em seus esplendores. Vivia-se uma época de religiosidade e de requinte, beleza e refinamento, e o delicado perfume de lótus impregnava aqueles ambientes de uma corte elegante e deliciosamente alegre, mas consciente de seu inexorável destino na concepção de um Deus Único para a Humanidade.
Sua arte naturalística, familiar e humana, refletia as profundas convicções religiosas, sua sensibilidade e os anseios de uma sociedade culta e sensível.
E Akhetaton ainda cintila na amplidão dos séculos. Vejo-a em minha imaginação. Como é bela; como é encantadora!
Alvoreceres belíssimos, tardes de sol, ocasos suntuosos, prelúdios de noites feiticeiras e deslumbrantes.
Brisas amenas, bandos de garças cruzando a amplidão, magia e misticismo nas noites de Akhetaton!...
Mundos siderais, miríades de estrelas e de constelações, brilhos, cintilações, poeiras cósmicas, recamos de prata nas noites dos deuses. Céus longínquos, mundos distantes... Caminhos para a eternidade!...
O Sol de Akhenaton ainda nos ilumina!...

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